sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estigma "Mãe Solteira"




Decidi falar de um tema bem Tabu…
Agora com eleições à porta, em que se fala de fazer tanta coisa, em que se fala de defender os fracos e oprimidos…pergunto eu acerca deste estigma: mães solteiras!?
Alguém ouve falar disto?!

O ser humano é incrível pois é mutável e adaptável às circunstâncias da vida…
Não é questão de sorte nem azar, muito menos de coragem.
Apenas vontade de ser mãe e ser responsável pelas decisões e consequências que advêm de uma relação afectiva.
Verdade, verdadinha é que são precisos dois para fazê-lo.
Mas na hora da verdade, muitos são os que fogem às responsabilidades.
Os “Pais” como não têm de ficar “grávidos”, descartam-se bem das consequências!

Isto ainda existe, é ignorado e negligenciado tanto pela justiça portuguesa, como pela sociedade…
Ou é vista como coitada…ou é vista como grande mulher...
As estatísticas de casos de Averiguação de Paternidade são assombrosos…
Nos dias que correm hoje estes números são ridículos.
Mais quando estamos numa União Europeia, em que, a celeridade destes processos em Portugal é totalmente caótica, ultrapassam sempre o prazo estabelecido na lei e a legislação é totalmente desajustada em prol de quem não assume as suas responsabilidades.

A liberalização do aborto veio fazer com que fosse legal, as pessoas descartarem-se de um”problema” muito rapidamente e com menos custos!
Pergunto o que fizeram aqueles movimentos do “Não”?!
Continuaram a içar a sua bandeira? A lutar por isso?
Ou receberam foi o dinheirinho do movimento e “fizeram-se à vida”?!

A vida é sagrada…deve de ser defendida e mantida!
E o resto?!
E quem quer assumir essa tão grande responsabilidade e o companheiro abandona-a à sorte?!
Que estruturas de apoio existem?
Fachadas e fantochadas…
Não há gabinetes de apoio, nem apoio mesmo.
E o pouco que existe nem sempre funciona tão bem…

Se “acidente” ou não, a verdade é que pode acontecer e acontece!
É um milagre a vida, sem dúvida!
As mulheres que foram mães sabem que é uma dádiva sentir um ser a crescer dentro de nós.
E quando concebido com alguém que se ama é impossível “descartar” essa dádiva como se fosse um problema.
Negar isto é negar a nossa condição de mulher!
A concepção é algo que só nós entendemos, nós mulheres!

À margem da natureza e do instinto, vem a nossa inserção pessoal na família e na sociedade.
Se não houver um pai presente, o estigma fica.

A mãe solteira!
Uma figura irremediavelmente desprotegida pela justiça portuguesa e estigmatizada pela nossa sociedade conservadora e hipócrita.
Essa mãe pode ter apenas o desejo de ser mãe e não esposa!
Essa mãe pode ter perdido “o” companheiro único que queria para a sua vida num desentendimento ou num “desaire” do Destino que o tenha roubado.
As mães solteiras não são heroínas, nem corajosas, nem melhores que todas as outras!
E não são só solteiras, são divorciadas e viúvas.
São mães apenas.
O complemento de arrasto ser “solteira”, nada diz acerca de…

No contexto jurídico é que não está protegida em relação à sua intimidade própria, nem os interesses/direitos do filho.
Tudo fica complicado e moroso na justiça portuguesa quando se trata de um processo de averiguação de paternidade e uma das partes nunca aparece.
O pai “dá à sola” e fica a fazer a sua “vidinha” isento de responsabilidades e de culpas.
A verdade é que se não têm interesse, e depois tentam entrar na vida dessa criança quando um dia se lembram que até têm um filho, e cito o caso Esmeralda, aí não vale a pena…
Em vez de fazerem bem, só vêm perturbar a estabilidade do menor…e complicar a cabeça e os sentimentos ou laços afectivos que criou enquanto cresceu.
É-lhe imposto um estranho que por capricho o abandonou e ainda nem ao mundo tinha chegado…
E por capricho novamente decide assumir o compromisso que devia ter assumido desde o início.

Quem acima de tudo deveria estar protegido pela lei e os seus interesses, era esse filho, esse menor!
E da maneira que se processam estas coisas, o nosso “Portugalinho” não anda para a frente!
Anos e anos de processos e despesa pública, para depois perturbarem a estabilidade dessa criança, que nunca viu essa figura, que não conhece, não têm laços de afecto absolutamente nenhuns.
Isso não se compra, e quanto mais tempo passa mais difícil é de construir.
E é e será sempre uma barreira intransponível!

Ser mãe e ser pai são laços de sangue e de amor!
Coisas que não se vêem e não se explicam: sentem-se!
É um instinto!

Ser mãe tal como ser pai não é só conceber, é educar e amar acima de tudo!
É estar presente, sempre!

Não é um nome, ou uma pensão de alimentos que faz com que isso mude…

Por isso, “mães solteiras”, que até certas “mães casadas” o são por terem maridos/pais negligentes, são sim Super-mães, porque são mães, pais, amigas, educadoras e estão lá a ajudar a crescer, a assoar o nariz quando faz falta, a dar a meiguice quando é preciso ou a repreender!
Super-mães são todas as mulheres que são e se sentem mães!

Por isso esse estigma da “mãe solteira” não tem sentido…
E de tema Tabu deveria ser falado e resolvido, tanto na cabeça das pessoas como a nível jurídico…
Não é preciso inventar, podiam apenas copiar o que está presente na legislação de certos países da U.E.
Se algum Partido se lembrasse disso ao invés dos “Magalhães” que dão um jeitão aos pais dos meninos, talvez os Tribunais deixassem de ter tantos processos desta natureza, e verdadeiramente se pensasse na cidadania, na protecção e nos direitos de um menor!

Modernizem-se! :)
Afinal em muita coisa ainda estamos na cauda da Europa…
Beijinhos das duas!
P:S:Depois de um assunto tão sério, tenho de deixar esta foto que acho uma delicia...no contexto das "acidentes"!
hihihi

domingo, 13 de setembro de 2009

Coração em aperto

Fim de Verão…

A frenética época chega ao fim…
Os miúdos voltam à escola, já não há onde estacionar…os rostos das pessoas tornam-se de novo apressados…
Compras, compras, compras…
Vem aí o frio…a roupa já não seca, o tempo já não chega, e é tempo de estar em casa de novo.
Logo agora que pensava que ía ter um pouco de descanso…
Que por variadas razões não tem acontecido...

E agora sim vem a parte complicada…separar-me da minha filhota.
Tem sido só procurar escolinhas…listas de espera…(em Lisboa espera-se para tudo…!)
Mas vêm as dúvidas…com quem deixar, onde?
Será que fica bem?
Que a entendem…que a vão tratar bem?!
Numa escola sempre é melhor…há muita gente, fiscalização, etc.…por outro lado há outros perigos…
Amas…não é querer dizer mal, mas é diferente…uma para dar conta do recado com 4, 5 ou 10 miúdos…!
Não é a mesma coisa…claro que os nossos filhos são sempre especiais, mas a Bia é muito especial…é muito sensível…
E tem uma personalidade muito vincada.
E o pior, está tão agarrada a mim que tenho receio que vá ser tão doloroso para ela como toda a gente diz…para mim, nem tenho coragem de me dizer a mim própria…o 1º dia de formação foram horas infinitas…a pensar se tinha comido, se tinha chorado, se lhe tinham mudado a fralda…acabava por de vez em quando nem estar lá…
Estava a levar um choque de realidade e o meu sonho de mãe a tempo inteiro a desvanecer…

Acho que todas as mães passam por isto, mas umas pelo vejo passam bem melhor do que eu estou a passar…

E ainda não está na escolinha ou em uma Ama…com as histórias que todos ouvimos…nem sei o que vou fazer.
Acho que nunca vou estar sossegada ou a 100 por cento focada no trabalho, como era antes…

Em casa tenho de fazer tudo com ela ao colo…senão chora tão sentida que não dá para deixar de a pegar…é verdade, mimo a mais, mas se não a mimar agora, quando o vou fazer?!
Desde que nasceu está sempre comigo, agarrada a mim…tem sido assim até hoje.
As vezes que me separei dela ainda se contam pelos dedos das mãos…incluindo já estes dias…

Por isso, em quem confiar o meu tesouro?!
Quem melhor a vai tratar?!
Ela ainda não sabe dizer nada nem defender-se…

Isto é um dilema que me está a consumir todos os dias…
Posso estar muito cansada mas arranjo sempre forças para mais um pouco de atenção, carinho, tentar perceber o que quer…
Estimulá-la, ensinar-lhe as coisas…
Não há escola nem Ama que me substitua de forma a eu estar totalmente sossegada.

É como se o “tempo de segurança” dela acabasse…
A minha tranquilidade até agora começou a dissipar-se, como se já não a pudesse proteger mais.

Não é justo!
Os bebes deveriam ficar com as mães, as que quisessem claro, até pelo menos os 3 anos…como em certos países da Europa.
Aos 3 anos não se sabem defender é certo mas sabem explicar melhor o que aconteceu…
Sabem queixar-se…
Mas 8 meses…o choro é a única forma de comunicar quando algo não está bem com eles…e têm choros diferentes…interpretá-los só quem a conheça bem…
O meu coração de mãe está “apertadinho” como nunca esteve…:(

E ainda mais a pensar nas coisas que vou perder por não poder estar com ela…
O 1º passo, as gracinhas, etc., etc., etc., uma infinidade de coisas preenchidas em vazio…

Eu sei que tem sido um privilégio estar com a minha “melguinha” até agora, mas a realidade está a doer e muito, mais quando não sei como vai ser daqui por diante e se a vão tratar bem…não vou poder estar lá como tenho estado até agora...


Olhem só este doce!

Beijinhos…hoje só meus! :(

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pássaro Medo




Vou tacteando habilmente,
Saboreando esses traços
Do tempo que ficaste…
O tempo mandava o que não fiz…
Estranho medo
Que devia até hoje ter afugentado,
Como a um bando de pássaros,
E ao longe desse tempo,
Mais esse medo germinou em mim…

Queda-se em mim,
O teu sonhar constante,
Dessa partilha que num tempo tivemos.

Estranha casa,
Que habito em mim,
Nessa memória inconstante,
Insolente até,
Por há tanto te ter adormecido.

Esse medo que me abarcou
Faz afinal hoje tanto tempo,
Nunca lhe vejo o fim…

Se hoje sou mais que esse tempo,
Mais trilho,
Mais livro,
Que retalho de manta
Esse medo me acalenta…

Não tenho medo,
Nem entrega,
Nessa ou noutra memória,
Que me vem furtar a calma.

Não tenho esse medo,
Mas pouco importa.

A partilha desse tempo uno,
Que queria acordar de novo,
É proibida!

Não quero,
Nem esse tempo,
Nem esse medo.
Tempo rombo,
Inconcreto,
Mas uno,
Que não podia deixar de ser em mim,
Que não pôde deixar de ser em nós.
Essa história interrompida,
Fugaz, pela minha mão de destino,
Podia ter sido,
Podia ter vivido,
Como o tempo o comandava…

Mas na espera desse medo,
Desse bando de pássaros negros,
A pena a que me entreguei,
Foi à vida continuada.

Trouxe esse medo a partilha una,
E o doce beijo da retirada.
Trouxe de ti esse tempo,
Que já não quero,
Apenas um novo,
Apenas, condenada…