quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pérola

Certo sopro havido num anjo,
Estranho sentir dentro do peito,
Acordar de mergulho,
Numa água sagrada,
Protegida…
Mergulho celeste,
De anjo caído.

Finalmente no regaço dessas ondas,
Descansar o sopro,
Por um momento, num momento…
Uma luz de instante que invadiu todo o ser,
Toda uma vida de esperança…

Mergulho de asas recolhidas,
De pesos atados…

Anjo que viajas até ao fundo,
Desse mar sombrio…
Apenas para de novo,
Voltares à concha,
Fechares-te em pérola, recôndita…

Um dia,
Depois do longo abraço do tempo,
Talvez um caçador de tesouros,
Ou uma brava maré,
Te devolva à praia da vida,

Talvez um dia voltes à saudade das asas,
Ao teu céu das tuas asas…

Concha que aninhas o anjo caído,
Na dor da infortuna viagem,
Protege-lo hoje,
Fecha-o das tormentas, das lágrimas,da dor no peito,
Da perda do saber voar…

Esconde a pérola de quem não a merece ter,
Se para sempre tiver de ser…
Fecha-te concha,
Aninha o tesouro,
Do perigo de se perder,
E da vontade de nunca mais querer voar…


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