Insistir no sonhar,
No pode ter sido,
No quero que fosse…
Querer no ilusionismo
dos sentidos,
Ver a luz no escuro,
cego de esperança…
O fogo poente dos
corpos que ardem em carências,
Em apetites da alma,
Que pecam vorazes nas
iguarias da vida,
Desalinhados,
desconcertados,
À força de um só
querer…
Arrasta-se atracado
outro,
Na marcha da
esperança,
Que cega e tatua o
tempo.
Um que desconfia,
outro que sente,
Um arrasta feliz, o
outro deixa-se arrastar na maré desse enlaço…
Mas a maré também tem
fases, medidas, tempos…
Rasgadas as amarras,
voga-se a liberdade do desconhecido…
Encalhados nas areias
de um porto seguro,
Não caminham…
De corações em
desalinhos,
De tempos
desconcertados nas vontades de querer,
Um e outro perdem-se
por força das marés…
Num abraço que não
tinha de ser,
As amarras nada podem
sempre prender…

