segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ora, Ora...


Depois chega um dia em que tudo parece claro como a água…deixam de haver “príncipes encantados”, “contos de fadas” e o “foram felizes para sempre”… chegamos a esse dia e constatamos que afinal estávamos a dar conversa ao cavalo…
Ninguém merece…:)
Acordar depois de tanto tempo, como a” Bela adormecida” do encanto.
Um dia ficamos a saber qual a nossa importância na vida dessa pessoa que era o nosso mundo…afinal éramos uma simples pedra no sapato, um entretenho que até dava jeito.

Como ficam feias as pessoas que amámos um dia e não mais amamos…
Quebrasse o encanto e qual monstro revemos…
Duro acordar quando se defendeu com toda a força em nós um ser que nunca existiu.
Mais uma miragem, ou um sonho irrepetível…pior são os irremediáveis esforços e tanto tempo perdido por nada.
Todas as premissas de carácter estavam lá, abertas a ser lidas e interpretadas.

Que belo par de óculos cor-de-rosa me arranjaram!
Como tudo fica claro e simples ao acordar no dia seguinte dentro da realidade…
De venenos em venenos externos acabamos por acordar, que valentes panaceias me serviram…
Partiram-se os óculos.
Não mais verei o que via e como…
Ora, ora, chega de acreditar em falsas promessas e em mentiras.
Hoje estou zangada, comigo e com o mundo.
Cansada de acreditar de mentiras em mentiras e cerrar sempre os olhos a fazer muita força para acreditar.
Não sei perder, mas perdi.
Muito tempo, tempo demais e muito da vida.

Ora, ora…hoje zangada mas recompondo-me, chega-me de mentiras, de” histórias da carochinha” e do “same old same”…
E viveram felizes para sempre, ora, ora…paz às suas almas!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Alquimista Lírico


Profundo lamento,
Jaz sóbrio e indiscreto,
Na minha parca leveza de ser…

Estranha energia assolou-me,
Aguçou-me os sentidos,
Revivi uma alma antiga,
Sem me perceber…

Apenas um olhar,
Reconhecer-te…

Sem nunca te ter visto,
Ouvido ou sentido…

Humana forma real,
Príncipe etéreo da noite,
Que manipulas letras e a magia de sons,
Como uma predigitação antiga,
Alquimista lírico.

Delitos perfeitos,
Nessas entregas,
Que manejas de alma fingidora.

Que alma e que dor escondes pela mascara,
Que tão breve quase a li,
Ali, como a um livro aberto,
Pedindo para ser lido…

Levei comigo esse pedaço teu,
Sem o teres oferecido…
Sem o ter roubado…

Pertença antiga,
De outra era, de uma outra hora,
De um desencontro de almas,
Acreditado…

Príncipe rei,
Que mundos distanciam,
Almas par,
Repartidas na criação dos tempos…
A mesma dor, o mesmo sentir, o mesmo querer…

Reconheci-te apenas,
O tempo gelou o instante dos espíritos…
E os espíritos no olhar…

terça-feira, 2 de março de 2010

Love addicts


Faz uns dias e estive à conversa com amigo meu…
Falamos acerca do amor…ou melhor, acerca do “desamor”!
Chegamos à conclusão que o Amor é mesmo como uma gripe…”que se apanha na rua e se resolve na cama!”kkk

Bem…agora a sério…
O Amor é mesmo uma gripe…faz-nos ver coisas irreais, passamos a estado febril, horas na cama e é um problema para combater depois de um indivíduo ser infectado…
Acho que durante a nossa vida passamos por vários estados de gripe, ou conhecemos pelo menos algumas estirpes…paixões, paixonetas… mas a pior é mesmo a gripe A de Amor…
As outras são passageiras e curáveis…têm bons medicamentos para se puder ultrapassar, mais mazela, menos sequela…continuamos a caminhar na nossa vida, nos nossos trilhos…
Mas a pior é mesmo a “A” de Amor…
Ou bem que apanhamos uma duvidosa imunidade vacinada pela vida ou vamo-nos ver em maus lençóis…
É incurável segundo especialistas, pode induzir-nos realmente a um estado de coma até permanente, perante a vida e outros amores, e uma vez superada, parte da boa noticia, pode deixar sequelas mas garantidamente ficamos imunizados para o resto da vida…para aquela estirpe de gripe…

O Amor é mesmo como uma gripe… e de muito fácil contágio!
E até parece que vicia…como é possível viver sem Amor?!
Mal nos curamos de uma e já andamos no meio da rua a ver se apanhamos outra…:)

O mais estranho é quando se tornam estados de gripe permanentes…e com vários sintomas contraditórios ao mesmo tempo…
Como é possível amar, odiar, desejar, ter raiva, ter ciúmes e morrer de saudades?!
Uma sensação do tipo “with or without you”!
Saber que esta gripe não é bem-vinda, não é saudável, que este estado não é sustentável, mas dá uma vontade de continuar a não tentar curá-la…:)
E até é possível e acontece…aparentemente passa, mas apenas adormeceu no nosso sistema e um dia decide acordar depois…

Mas as gripes de Amor uma vez curadas, imunizam-nos para sempre…para aquela estirpe!

Sabem amigos…vírus tramado esse do Amor, toda a vida apanhamos destas coisas, recompomo-nos mas ficamos a vida à procura de voltar a sentir aquele estado febril de ver as coisas…
São intensas, contagiosas e arriscadas…
Amar, é um vicio…um vício bom demais…:)

Amem muito pela vida fora, em estados febris, gripais ou não, mas simplesmente amem!
Se a vida já nos faz tantas mazelas mesmo, ao menos que sejam proporcionadas a boas lembranças e sentimentos…

Desamores todos têm, amar em silêncio é uma dor, amar sozinho tempo perdido demais…
O tic-tac do tempo não pára de respirar…
A vida passa-nos ao lado e nunca vamos a tempo de agarrar e viver tudo e todos os sonhos, ou neste caso todos os amores...

A vida tal como o Amor são feitos de opções…erradas ou não, é preferível sempre tomar uma má decisão, que decisão nenhuma…

Esta vai dedicada ao grupo dos “love addicts”!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Opinião de Taxista


É incrível como num curto espaço de tempo, temos até tanto tempo para falar de tanta coisa, simples mas interessante…
Andava eu na minha vidinha e de repente começou a cair uma valente carga de água e eu sem chapéu…como ainda tinha de andar um bom bocado até à paragem do autocarro e ia apanhar uma valente molha, passou um táxi e segui destino no mesmo…pessoa simpática…começou a conversa no tempo, de seguida trânsito no marquês, em seguida do “famoso” túnel e o Sr. Ex-Presidente que o mandou construir…mas que até era uma obra valorosa afinal e útil…e que o português só está bem a falar mal de alguma coisa que alguém faz…
Se ri…
Nisto, politica…
Eis que aquele pacato e simpático homem diz uma graçola bem acertada…o português gosta de dizer mal de tudo e todos…e o que mais gosta é de ver futebol…mas se fizesse mais do que fala…
E porque é que o povo português em vez de eleger nas próximas eleições não contrata mas é um governo politico no estrangeiro durante 4 anos a ver se isto endireita?!
Ou um “treinador” governante que ensinasse os de cá que os compadrios na politica têm de acabar e deviam era trabalhar a sério para realmente construir um país em vez de continuarem a ajudar no rombo do barco…

Sabem que mais…adorei a ideia!
Tanto que a expresso aqui…e porque não?!
Democracia empregadora de governantes de alto currículo e experiência comprovada, um novo nível de politica! :)
Grande senhor!

Beijinhos
P.S. Só pela ideia devia andar num carrito assim...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pérola

Certo sopro havido num anjo,
Estranho sentir dentro do peito,
Acordar de mergulho,
Numa água sagrada,
Protegida…
Mergulho celeste,
De anjo caído.

Finalmente no regaço dessas ondas,
Descansar o sopro,
Por um momento, num momento…
Uma luz de instante que invadiu todo o ser,
Toda uma vida de esperança…

Mergulho de asas recolhidas,
De pesos atados…

Anjo que viajas até ao fundo,
Desse mar sombrio…
Apenas para de novo,
Voltares à concha,
Fechares-te em pérola, recôndita…

Um dia,
Depois do longo abraço do tempo,
Talvez um caçador de tesouros,
Ou uma brava maré,
Te devolva à praia da vida,

Talvez um dia voltes à saudade das asas,
Ao teu céu das tuas asas…

Concha que aninhas o anjo caído,
Na dor da infortuna viagem,
Protege-lo hoje,
Fecha-o das tormentas, das lágrimas,da dor no peito,
Da perda do saber voar…

Esconde a pérola de quem não a merece ter,
Se para sempre tiver de ser…
Fecha-te concha,
Aninha o tesouro,
Do perigo de se perder,
E da vontade de nunca mais querer voar…


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mobilidade...bem reduzida!!!


Indignação

Vou falar de um tópico que é bem conhecido certamente das mamãs e dos papás…
Carrinhos de bebé…

Antes da Bia nascer, tive a preocupação de lhe arranjar o “ovinho”, o dito carro e a cadeira de automóvel…pois fomos alertados no curso de preparação do parto que deveríamos ter em conta a nossa saída do hospital, pois os nossos bebés não poderiam circular num automóvel na típica alcofa ou ao colo…
Certo é que procurei modelos, preços e qualidade, uma coisa que ficasse até ser crescida e depois apenas teria de investir numa cadeira de automóvel…
Acabei por optar por um conjunto bem económico e todo “xpto”, em conformidade com a respectivas directorias da U.E., mas o certo é que a nível prático a coisa complicou…
O que escolhi é uma base e tem duas peças de carro…uma serve de ovinho, cadeira auto e alcofa…e o outro futuramente de carrinho…super confortável…para ela!
Mas a viver em Lisboa e a morar num prédio sem elevador…meus caros, a coisa complica com duas peças para montar…
Digamos que a última vez, depois de descer a escada toda, com o dito carrinho e tentar montá-lo…levei cerca de uns 25 minutos…até fui ajudada por um casal…pior foi quando o senhor que me socorreu ainda complicou mais…montou a peça ao contrário e não saia de jeito nenhum…
Visto o marsúpio (que aconselho vivamente a experiência pois é super prático), estar a deixar de servir…além de que, o peso dela começa a ser muito e difícil aguentar as dores nas costas… tive de me render às evidências e ter de repensar isto do carrinho…
Procurei e rendi-me ao dito carrinho tipo bengala pois é de facto o mais prático…apesar de um bocadinho pesado demais, pois optei por um modelo um pouco mais confortável que aqueles bem simples, mas visto ser apenas uma só peça facilita e muito a vidinha da mamã agora…pelo menos a nível de peso…
E a experiencia dela…vai toda contente a ser abanada o caminho todo e a apreciar as vistas!

Agora vem a parte da indignação…

Já tentaram trilhar Lisboa com um carrinho de bebé?!
É uma verdadeira gincana!

Não obstante das obras, que já complica um pouco o trajecto…eis que temos uma série de obstáculos a ultrapassar, em pequenos trajectos e circuitos…em que nos rendemos às evidências e acabamos por circular na estrada pois não há outra forma de passar…
Eles são carros mal estacionados em cima de passeios…nas passadeiras…cacá de cão por todo o lado…em que quase é impossível não acertar num único cagalhoto…(se nos saísse o euromilhões cada vez que pisamos, neste bairro era tudo rico…), é que às vezes fico na dúvida se há caca no chão se chão na caca…:p
Temos ainda buracos nos passeios…passeios completamente desalinhados e cheios de altos…pilares e varões que complicam o circuito e a altura dos passeios para a estrada…
Ou seja, haja paciência, músculo, perícia, estratégia, atenção redobrada, muita calma e lenços de papel!

Só me apercebi bem disto quando tentei andar com um carrinho de bebé por aqui…até agora o marsúpio tem sido a solução mais eficaz que conheço!
Prático, limpo e sem contratempos!

Mas devia haver um desafio lançado a tudo o que é autarca, presidente de junta e mesmo ao cidadão comum…não são só as pessoas de mobilidade reduzida que sentem estas dificuldades…certamente muitas mamãs e papás que vejo o sentem também…mas disto nunca ninguém fala, nem lembra…
Aplaudo vivamente a Carris que tem agora autocarros preparados para transportar carrinhos de bebé e pessoas de cadeiras de rodas!
Aplaudo ainda mais quando vejo a coragem de certas mamãs e papás a utilizarem os mesmos, o que quer dizer que fazem os ditos circuitos e ultrapassam todos os dias os obstáculos e os perigos, porque acabam por ser perigos o ter de nos desviar a toda a hora para o meio da estrada e não desarmam…

Por isso peço a quem é condutor…sei que é difícil deixar um carro bem estacionado, mas por vezes uns centímetros fazem a diferença para quem usa o passeio…para os donos dos cães…se os quiseram e não querem caca em casa, não deixem o sitio onde moram uma verdadeira sanita pública dos canídeos…
É triste esta tão grande falta de civismo e higiene…
Ninguém lembra nunca do próximo…acabo por pensar que vivo numa verdadeira selva, em que impera a falta de educação, consciência e civismo…
As pessoas esquecem-se sempre de calçar os sapatos dos outros para perceberem o outro lado…nunca perdemos em pensar e agir correctamente…nem que seja com a nossa consciência…e lembrar que os outros pisam a caca do nosso cão…e ficam com os sapatos…:p

Desta verdadeira selva urbana, cheia de mitos e contradições…de gente agressiva e com falta de paciência e tempo…triste e indignada por estar na capital e ver tanta falta de costume e civismo…
Ainda falam em mobilidade…pergunto aonde…?! Pois a que conheço é bem reduzida…

Às futuras mamãs e papás pensem bem antes de investir na mobilidade das vossas crianças, para não cometerem o meu erro e terem de gastar dinheiro à toa…

Até à próxima,
Beijinhos!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Escrava do tempo"



O Tempo...

"Bicho" difícil este para mim de controlar agora!
Os dias passam-me a correr e as horas escapam-se pela minha mão como se fossem grãos de areia...

Não sei se pela maternidade que nos ocupa todo o espaço e tempo em função deles, se pelo facto que constatei…não uso relógio!
Sim é verdade, sou das poucas ou única que conheço…não uso relógio…
Aboli este uso vai para metade da minha vida…conversa do não sou "escrava do tempo"…com a chegada dos “bips”, não sei se se lembram…mesmo um pouco antes dos telemóveis, sei que coincidiu com a avaria do meu relógio…e certo é que nunca mais usei relógio algum!

Já cheguei comprar relógio, e até me ofereceram alguns entretanto, mas eu bem os tento usar…mas a falta de hábito é tanta que, ora parto o vidro sempre, ou faço alergia à bracelete…:p ou pura e simplesmente param! Lol
Se pilha dos chineses ou azar aos ditos relógios, o que sei é que deixei de os usar…habituei-me na altura a usar o “bip” como relógio e à posteriori o dito telemóvel até hoje, e já lá vão a brincar uns 14/15 anos!
E o incomodo que me dá?!
Coceira no pulso…sempre a bater com o relógio em todo o lado…kkk

Ainda me lembro de ser bem gaiata e de chorar para ter um relógio com os ponteiros que eram dois lápis…ainda me lembro do anuncio na televisão…”sou o tic…sou o tac…vamos ensinar…que horas são…” lol
Que orgulho tinha em andar com ele e mostrá-lo a toda a gente!:)
Mas agora?! Incrivelmente, não consigo!

Sei que em 1998 fui trabalhar e apenas com uma coisa em mente comprar o dito telemóvel com o primeiro ordenado e foi o que aconteceu, uns todos bonitos que haviam da Alcatel, azuis, que se por acaso a bateria acabasse podíamos ligá-los com pilhas…o que sei é que desde aí criei um tal laço de dependência que até hoje não o desato…seja no “estou sempre contactável” e posso sempre me desenrascar em caso de emergência…

Mas o factor tempo sempre controlado no telemóvel…até a cozinhar!:p
Serve de relógio, agenda de telefones, lista de aniversários, agenda pessoal, despertador…enfim…agora até de álbum fotográfico e pode incrivelmente se converter num MP3 com a minha música preferida…e também ouvir rádio!
E mais ainda, aceder à internet, GPS incorporado em tempo real e falar no msn com os amigos!
E mais um sem fim de tarefas acessórias para as quais os vamos usando cada vez mais todos os dias…
Ou seja, ao longo do tempo abdiquei do relógio e cumulei um sem fim de funções no meu “controlador de tempo”!
Bem maior, consumista e intrusivo na verdade!

Desde que entraram nas nossas vidas deixamos de ter privacidade, saudade e muita situação indesejável…
Uma porta aberta ao mundo!

Está sempre ao pé de nós, tem de estar sempre ligado e convém com crédito!
Ou seja…um facilitador bastante incómodo até bem vistas as coisas…
Quando nos esquecemos dele ou acaba a bateria…é um pânico! Para nós e para os outros que não nos conseguem contactar…

Algo que começou apenas por moda, vaidade ou brinquedo, tornou-se no “meu senhor do tempo”!
Em metade da minha vida em que decidi abdicar do tempo…acabei por ser “controlada” ainda mais!
Toda a minha vida passa por ele, todos os dias, todas as horas…não temos o direito de o desligar sequer…

Quando dizemos até um relógio parado está certo duas vezes por dia…um telemóvel desligado…nunca está certo! :)


Vêm logo as interrogações e as cobranças…porquê?!

Por isso aos 30 anos acho que vou tomar uma resolução…tornar um pouco mais “escrava” do tempo pelo relógio e esquecer um pouco mais o “meu senhor do tempo”, porque este a muito obriga…à justificação quando não queremos, à disponibilidade imediata, quando não nos apetece, à resposta das sms ou do telefonema não atendido…
Aos incómodos fora de horas e às coisas que não podemos e até queríamos esquecer…

Abaixo os telemóveis…viva os relógios…kkk!:)

(Este post de hoje é bem rústico! Por este caminhar estou aqui estou a plantar alfaces e a escrever umas folhas semanais no jornal da paróquia! :p)

Beijinhos!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ser "Velha"!


Habitualmente tomo cafezinho num sitio onde as ”tias” cá do bairro vão…
Acabei por começar a ir lá porque, a minha mãe vai lá sempre e acabamos por tomar café juntas.
Digamos que, há muito cafezinho por onde escolher mas, as escolhas tornam em cada uma pior que outra.
Começando pelo próprio café, de fraca qualidade e sabor, passando aos ambientes e pior parte, temas de conversa…

Não pude deixar de ouvir, inevitável…
Encontram-se duas “pavoas tias”, ou com mania de “tias” e desfazem-se em cumprimentos e elogios…
Há quanto tempo não a via, está muito bem, mais magra…etc. …
A outra delicadamente agradece e diz que nem por isso, e então até mostra o cinto, que já estava no último buraco, que já não dava mais…
Entretanto a outra também exibe o seu…de pele genuína…era o máximo…o seu favorito…enfim.
Até que o tópico começa a versar na idade, e elas próprias a vangloriar-se de tão bem que estavam…entretanto veio a opulência de falar nas filhas muito lindas, muito altas, loiras, bem vestidas e muito magras, e que herdavam os ditos cintos todos, chiquíssimos…novos até, porque já não cabiam lá dentro…
Até um bendito espelho que uma tinha acabado de comprar para o quarto do filho apareceu no filme…preço, descrição pormenorizada e como se achava esbelta…até lá ía de propósito só para se poder ver…

A outra logo contra-atacou com a mobília nova de quarto da filha, preço e marca e como estavam fantásticos os saldos no El Corte Inglês, e era “uma das primeiras que lá ía sempre”…imaginem…comprar cintos!
Mas cintos chiquíssimos em pele!
Mas agora só fazem cintos para jovens…esbeltas e altas como a filha…

Até à conclusão de que o corpo muda, o nosso mudou…mas estamos muito bem!

De facto, apesar de velhas e muito ostensivas, acabei por ter de anuir comigo mesma…cabelinho arranjado, unha feita, “bata” El Corte Inglês e a tomarem o belo chá das cinco no café…
Descansadas da vida e sem stress…comparadas comigo, meus amigos, a “velha” era mesmo eu!

Falta de tempo ou paciência, quem saiu de lá a pensar na vida e na conversa fui eu…

Sem cinto chiquíssimo…o que uso já mandei fazer 3 novos buracos, senão perdia as calças…enfim!

Senti-me “velha”e cansada, ao pé de tanta juventude sénior!
Das duas uma, ou peço já o cartão sénior da Inatel e começo a fazer umas termas, ou compro um cinto novo no El Corte Inglês…mas atenção, nos saldos!
E melhor também, um espelho daqueles, não vá tecê-las!

Por um lado apreciei a tão alta auto-estima que presenciei, seja em que idade for e em nós mulheres, só nos faz bem.
Velha, nova, gorda ou magra, pernas assim, braços assado…celulites, estriais, etc. …
Todas temos disso!
Defeitos e virtudes!
Infelizmente passamos sempre demasiado tempo a olhar aos defeitos…mas é típico feminino, nunca estamos contentes com o que Deus nos deu…e nunca vemos o que de melhor temos…
Mas não há nada que nos valha com falta de auto-estima, sejam eles espelhos, cintos chiquíssimos ou esbelta figura!

Por isso ser velha, o fisicamente é inevitável…psicologicamente, talvez acarrete outras consequências bem piores que se pudessem resolver com uma ida aos saldos…
Falta de auto-estima, envelhece-nos prematuramente em todos os sentidos…

Por isso para eles e para elas, um trapinho novo, corte de cabelo e cuidarmo-nos um pouco, só nos faz é bem…esqueçam lá é as etiquetas de marca e de fazer tema de conversa o cinto chiquíssimo…lol
Aí não é ser “velho/a”…é ser “gente miudinha”!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Voltar a ser gente....




No meio das tropelias do destino, nos afazeres habituais do dia-a-dia, na pressa do relógio que faz o seu compasso ritmado na regra…esquecemo-nos de ser gente.
Com tanta coisa a acontecer ao longo dos anos da minha vida, sei que nem tenho parado para “ser gente”.
Sei que deixei de ser, sei que perdi aquela luz que tinha.
Foram tantas perdas de pessoas queridas deste mundo, emocionais e materiais também, que abalaram a estrutura que me sustinha, pois nunca tinha aprendido a perder…

Ocasionada pela maternidade inesperada e por todas as coisas adstritas, conjunturas e desaires da vida, tive e tenho consciência agora de como deixei ficar para trás coisas sem grande importância que até considerava relevantes e outras muito importantes e fundamentais que nem reconhecia.

É como se tivesse esquecido de mim, voluntariamente, até um dia destes poder voltar a ser…
Ser como era e quem era será certamente impossível, mas depois de me ignorar durante quase dois anos, (tirando o tempo antes em que já o vinha a fazer) e talvez inspiração do momento e inicio de ano, prometi-me ser gente a partir de agora.
Em consequência de alguns acontecimentos, invadiu-me uma tristeza de chegar à estranha conclusão de que quem me deveria conhecer e dar valor, não me conhece de todo.
Com quem pensamos que podemos contar e confiar, desiludem-nos amargamente…
Constantemente arranjo desculpas, para desculpar essa gente, que gosta de ser gente e vive a ser gente! Mas quando precisam lembram-se sempre a quem vir recorrer…
Mesmo prejudicando, passando por cima ou ignorando...
Ora é o tempo, ora o trabalho, ora a correria dos filhos…ora esquecem-se de nós e o que fazemos…o que fizemos, quem somos…o que passamos a ser gente juntos.

Pessoalmente odeio conflitos, discussões e apontar certas coisas, tais como, eu também fiz isto e aquilo, ajudei, etc. …
Se fazemos e estamos presentes ninguém nos obriga, e se fazemos de coração, não vamos a correr a apontar num “ caderninho” de cobranças.
Seja em amizade, amor ou família, em nada se aplica esta cobrança…
Talvez inconscientemente, acabemos por cobrar um pouco de atenção do outro lado, mas falo por mim, nem isso nunca cobro.
Acho que somos livres, temos direitos e deveres e esses são feitos de forma natural, não como obrigação.

Adoro conhecer as pessoas verdadeiramente, hábitos, gostos, preferências.
As suas vivências e o que os faz dar uma gargalhada solta, ou o que os possa magoar, para não cair em falta.
Gosto de estar lá quando é preciso, e até através de um simples telefonema reconhecer na voz o que essa pessoa sente naquele momento.
Sei que ando mais ocupada, distraída, esquecida de ser gente…mas se é preciso, continuo cá na mesma e disponível como antes.

E isto não é uma questão de juízos de valores, mas ao olhar à minha volta…talvez seja culpa minha ter esquecido de ser gente.
Acho que fui o meu maior carrasco no meio desta história toda, mas ao mesmo tempo pergunto-me: quem era suposto me conhecer tão bem, ao invés das habituais cobranças, porque não pararam um pouco e me disseram isso?! Porque não me olharam de verdade e viram o que realmente estava a acontecer?!
Ou apenas perguntarem, porque te esqueceste de ser gente?!
Conforme alguém fez e quase sem me conhecer supostamente assim tão bem…
Ou mesmo olharem e perguntarem quem sou eu agora no final das contas da vida?! Que soma tenho no presente que me faz a pessoa que sou?!
Como disse anteriormente, acho que já nem eu me reconheço no presente, certas coisas aceito-as como dádivas, noutras tornei-me totalmente intolerante.
E são coisas que nem controlo, são impulsos…não quero e não aceito…talvez por me ter esquecido de ser gente enquanto pude e achei que devia, e sendo a soma de tantas coisas que fui passando, nem me apercebi como a vida me tem moldado afinal.

Talvez tenha sido uma condenação imposta por mim, apenas sustive o ar durante este tempo todo, à espera que um pesadelo passa-se…só que foi real e é real…nem sonho mau nem ilusão…

Por isso, sei o que não quero, o que não gosto e de onde venho, mas não para onde vou…
Sei todas as minhas somas, medos e receios.
Reconheço as minhas qualidades, anseios e sonhos!

Reconheço que deixei de ser gente quando desisti de mim, mas…
Hoje, e isto em resposta à tua pergunta amigo, que sabes quem és, estou cansada de penalizações e de ficar nos entretantos da vida, à janela, à espera de sol…

É preciso ser gente para viver, é preciso amar e ser amado, é preciso viver a vida!
Passa num entretanto, mal abrimos os olhos ao mundo e quando nos habituamos a ela…já está a acabar…
Fazemo-nos velhos!
Não só fisicamente, mas emocionalmente e psicologicamente…
De que vale um corpo jovem com alma velha?!

Para vocês agora, olhem à vossa volta, na vossa vida, quem vos conhece de verdade e vos reconhece?!
Quem sabe mesmo o que pensam, quem são?! Os vossos gostos, preferências, hábitos…o vosso passado…inclusive até os “esqueletos no armário”?
Quem são essas pessoas que mesmo depois de tanta coisa e tanto tempo continuam aí?!
E a insistir, a puxar a calça/saia, a dizerem estou aqui?!
Façam esse exercício um bocadinho e contem quantas pessoas são e depois, vejam a lista do telemóvel e verão o vosso saldo…
Mantenham essas pessoas perto, muito perto…são pérolas!

Os anos passam, as idades são diferentes, os interesses mudam, mas nós apenas nos vamos moldando às circunstâncias da vida…será que mudamos assim tanto com as somas da vida?!
Que somos sempre gente diferente num só corpo….não me parece…

Li um dia algures que as pessoas vêem-se e reconhecem-se em situações limite.
O seu verdadeiro carácter é exposto!

Se apesar desses impulsos, aquelas pessoas ainda estão, estimem-nas, pois o tempo passa, as pessoas cansam-se e quando quiserem voltar atrás, serão apenas uma janela para olhar o passado e já não serão uma porta…

Obrigado amigo pela pergunta, deixaste-me a pensar no que realmente quero e que passei demasiado tempo sem ser gente.
Tinhas mesmo razão apesar de te ter negado….
E sim, voltarei a sorrir e a ter a luz que tive.
Prometo! :)

Beijinhos