Embrulho-me na dor,
Como se fosse um manto,
Que calo e consinto,
Alheia no meu leito desperto,
Do tempo que me sussurra ao ouvido,
A dizer-me que passa, que já não volta...
Como o perco, como me perdi.
Sinto na face o beijo gélido da partida,
No peito o vazio da morada,
Do quente dos sonhos.
Nunca estive pronta a partilhar-me,
E tudo dei de mim.
Construi pontes, castelos e fantasias,
Sonhei acordada em doces limbos...
Outrora fui outra em mim,
Doce guerreira, talvez querubim...
Hoje,
Lua minguante, trajada com manto de dor,
Embrulho as feridas, as marcas, as lembranças,
Acalento o sopro por obrigação à esperança,
E faço-me sumir ao olhar de todos.
Falta o cajado possuir,
Para calar o doer,
Para esventrar a dor.
Pode o manto cair,
O cajado florir,
Calar-se a dor...
Só queria sentir essa paz do meu leito,
E hoje, dormir, hoje sem dor.
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