domingo, 15 de março de 2015

O Amor depois do Desamor

O Amor, a paixão, o frenesim louco do desejo...a falta e a saudade súbita, em cada rosto que vimos que não é o que desejamos...o tempo que não passa, os minutos pesados e compassados em dobro para rever e reviver cada respirar de quem amamos...
Isto, do Amor, que saudades deste frenesim...

Mas no que toca ao Amor depois de um Desamor, um desses que nos rasga por dentro as entranhas, que nos retira a certeza de quem fomos e quissemos ser.
Aqueles que nos fazem pôr a a nossa vida toda em causa, o nosso ser, a nossa vontade de viver inclusive.... estes que acabamos por ultrapassar mas que não nos perdoamos por nos termos deixado magoar com tal magnitude... esses Desamores que marcam perpetuamente à desconfiança de sermos dignos de voltar a experimentar o Amor novamente, livres de passados e mágoas.

Há pouco tempo, li uma frase magnífica acerca do casamento e da união entre duas pessoas, que este acto alem de completamente consentido e consciente não era uma coisa tão linear, porque ao aceitarmos esta união em consciência estavamos a aceitar tornar-nos numa só entidade com outra pessoa e deixaríamos de perceber daí em diante onde era o nosso início e o fim da outra pessoa.
 Que a partir desse momento tudo mudaria para sempre para sermos um outro alguém em união, com todos os defeitos, virtudes e sonhos em soma.

Isto sim, para mim é o Amor.

Mas um dia, não foi assim...

Foi um Desamor que se viveu, passou e ultrapassou, mas que deixou outro olhar ao Amor e um peito ferido, com medo de voltar a voar nos frenesins dos sentidos.

Creio que o que mais tortura é termos consciência de que no momento teríamos tudo para estar e sermos felizes mas inconscientemente não confiamos, não nos permitimos a viver novamente e sermos dilacerados.

Como se o nosso sentir tivesse deixado de saber sentir confiança no próprio sentir e na possibilidade da união, de ser uma entidade novamente e de não sabermos onde começamos e outro acaba.

Depois do Desamor resta-nos um novo sentir, dentro de alguém que desconhecemos e começamos a desconstruir para voltar a viver. Mas esta desconstrução é ainda mais penosa, porque passamos a ser alguém que nem sabemos onde começa e acaba...
E em consciência começamos a perceber que não temos nada para dar, que temos os 'medos' as 'fobias' e os novos credos e estigmas do Desamor.
Que então em urgência e consciência, não queremos ferir esse outro alguém que tem a una vontade de se unir a nós e viver em entidade e não o queremos ferir com um Desamor pela inabilidade do nosso peito, de tão ferido só querer estar recolhido e recuperar-se, tal como um animal selvagem se recupera...

E a verdade é que a vida é feita de momentos, momentos únicos e irrepetiveis.
Optar por não os viver na sua magnitude, não é acto de cobardia, nem medo nem de não se ultrapassar o passado, pelo contrário, é preciso mais coragem, consciência e Amor, sobretudo respeito, primeiro por nós e depois por essa pessoa nova que aparece como bênção a apresentar-se como uma nova chance de voltar ao sentir. Mas freiar-nos e ao outro alguém é ser-se sincero e não fazer esse outro alguém iludir-se como nos aconteceu um dia e darmos oportunidade a que em consciência as coisas possam acontecer.

 Mas viver um Amor morno, consciente e freiado acaba por ser uma antítese do Amor em si e da Paixão...

Mas o que resta afinal?!
Como viver o Amor depois do Desamor?!
Como saber quem somos depois?!

Felizes os ignorantes dos Desamores!


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