domingo, 7 de junho de 2015

Vamos ao Parquinho?!




Habitualmente costumo levar a Bea ao parque…é óptimo vê-la correr, brincar e fazer amigos! 
Uma verdadeira ” fera” social, onde quer que esteja faz logo amizades e é sempre ela a impulsionadora da conversa!

Seja Verão ou Inverno, desde que não chova lá vamos nós ao parquinho!

Depois de percorrer vários equipamentos destes na zona acabei por encontrar um que além de tranquilo e com boa área e equipamentos, tem excelente localização e fica inserido no meio de um condomínio e jardim bem cuidado.
O ambiente social também acaba por ser fundamental para se evitar situações menos simpáticas…

Já lá vou acerca de 3 anos e nunca tinha sucedido…

Entram 2 miúdos no parque, um com cerca de 14 anos e outro com uns 12 anos…e com a respectiva bola de futebol de couro e decidiram estar a fazer remates fazendo baliza um dos equipamentos de cordas do parquinho…
Ora, estava a minha filha de 6 anos, outra miúda de 4 anos e uma senhora com um bebé com cerca de 1 ano…as miúdas corriam pelo parque todo e eu a ver a bola a arrasar a minha…

Eu não era assim é um facto, o pai da outra miúda, completamente abstraído no dedilhar do telemóvel como se nada estivesse a acontecer…a senhora com o bebé em pânico, conseguia ler-lhe nos olhos…
Tive de falar, perguntei se eles achavam que era sitio para estarem a jogar com crianças ali e pessoas…a resposta foi que não gostavam de jogar na relva e ali era melhor…calei-me…até levar com a bola!

Não sei porquê, mas sempre a bola vem ter comigo! Kkkk
Fiquei furiosa! Fui uma estraga festas!

Disse que já tinham idade de perceber que ali não era um campo de futebol e que haviam crianças a brincar, que alem da relva tinham um espaço enorme lá fora para jogar, que aquilo não tinha sentido! E não ia permitir acertarem-me de novo ou à minha filha…

Muito importunados lá saíram do parque…fui eu a estraga festas (como eu cresci!) J
(Isto acontecia-me a mim em miúda, sempre um adulto que ralhava connosco e estragava a nossa brincadeira!)

Mas é de facto o instinto protetor e ordeiro que nos toma quando passamos a progenitores. Queremos apenas que os nossos petizes estejam em harmonias controladas e sem perigos desnecessários!

Nisto entretanto chega mais um pai, com uma petiz de cerca de 3 anos…super-protetor! O que eu me deliciei com a conversa e o trato dele com a pequena!
Primeiro ela esteve a lanchar sentada no banco e depois foi brincar! Mas ele sempre a acompanhar e a ser interventivo e a tentar integrar a filha com as outras miúdas…

Foi aí que me apercebi o quanto somos protetores e manipuladores dos nossos filhos…por medo que se magoem não os deixamos fazer e descobrir as coisas por eles e naturalmente!
Estamos sempre a limita-los e a trava-los…
Não podes andar descalça porque podes-te aleijar num pé…cuidado, não andes tão alto no baloiço…não se sobe por aí é por outro lado…vai mais devagar…vai perguntar às meninas se querem ver a tua boneca e se querem brincar contigo…cuidado com o menino…etc…

Com a Bea há bem pouco tempo aprendi isto: eu com esta ideia louca de a proteger, não andes descalça e blábláblá…e ela como sempre a contrariar as minhas ordens e regras, e lá foi ela descalça até que me diz assim: oh mãe mas tu não percebes que é tão bom sentir a relva nos pés?! J

Claro que fico zangada por a Bea passar a vida a fazer “braço-de-ferro” comigo todo o tempo…mas admito que depois desta resposta ela ensinou-me que não a deixo experimentar e fazer as coisas que também são boas, que ela tem de descobrir e com isso vem sempre riscos associados…ainda bem que ela me desafia todos os dias e vai crescendo e aprendendo por si…por vezes corre mal, mas afinal e no final isto faz tudo parte! ;) arranhões, esfoladelas e nódoas negras! Os dói-dóis que rapidamente lhes passam mas a nós doem mais! J

Não pudemos tê-los em redomas de vidro e fatos especiais de protecção contra todas estas mazelas…e como lhes ensinamos a sentir o sol na pele, que há plantas que picam, que é bom fazer festas e sentir o pelo do gato mas que também arranham, que é bom sentir o vento no cabelo quando andamos no baloiço e ver o céu mais perto se formos mais alto, mexer e sentir a terra e a relva nos pés?! A trepar, a correr, e a aprender a levantar depois de cair?!J

Protegemos demais os nossos e a nós de sentirmos as dores deles, este é no fundo o medo que mais nos trava e nos faz travar a eles…que será de uma criança que cumpra todas as nossas ordens e regras um dia mais tarde?! O que é experimentou, sentiu, descobriu?!

Custa admitir mas na verdade eles têm de se sujar, de mexer na terra, de se molharem, de correr, de fazer arranhões, esfoladelas e nódoas negras, de cair e levantar, de apanhar flores e pôr no cabelo…andar descalços e brigar pelo baloiço ou partilha-lo…e não vamos estar lá sempre infelizmente…a vida vai ser assim mesmo para eles, só vão mudar os” parquinhos” da vida e o sentir a “relva” nos seus pés!


Fiquem bem!

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